terça-feira, 13 de abril de 2010

Insatisfação

Ele tinha que levar trabalho para casa. Ficava até altas horas terminando-o. E ele já não entendia o porquê, e nem onde chegaria com tudo aquilo.
Antes fosse algo emocionante. Uma escultura. Um par de óculos de Realidade Aumentada. Um projeto de teletransportador. Uma bomba nuclear.
Não, eram apenas papéis sem vida e repetitivos.
E eram folhas atrás de folhas, riscos de caneta aos quais ele já nem prestava mais atenção, que passavam e se viravam revelando cada vez mais caligrafias desanimadas e ilegíveis.
Tudo estava perdido: tinha o trabalho que não queria, gastava suas douradas horas de sono escondido por uma pilha de monotonia e vontade de jogar tudo para o alto.
Ir embora. Para outro país. Sumir. Ser hippie ou tocar violão no Central Park com o seu chapéu no chão implorando por alguns centavos.
Ele fugiria e nunca mais voltaria. Correria gritando anunciando a sua imprudente liberdade. Mas antes disso, teria que terminar de trabalhar com aqueles papéis.

Um comentário:

  1. semelhança, oi!

    to sem criatividade pra comentários, mozão =P
    volto quando tiver XP
    (L)

    ResponderExcluir